Ismael Silva, o bamba de Niterói

Importantíssimo na Música Popular Brasileira e pedra fundamental das bases do samba, o niteroiense Ismael Silva teve uma vida modesta e produção tão vasta quanto impecável. Nascido em Niterói (RJ), em 14 de setembro de 1905, Ismael foi um dos maiores sambistas dos anos 30 e 40 no Brasil.

Criado na zona norte do Rio de Janeiro, desde cedo frequentou rodas de samba e malandragem do Estácio, e começou a compor, sendo fundador da primeira escola de samba, a Deixa Falar, em 1928. Ismael foi responsável, junto com os outros “bambas” do Estácio, pela forma que o samba tem até hoje, mais independente do maxixe e de ritmo mais marcado e cadenciado, para facilitar a evolução dos foliões que desfilavam pela escola.

Na década de 20 fez um acordo com Francisco Alves, que permitia ao cantor gravar composições de Ismael e constar como autor, mediante pagamento prévio. Esse “comércio” de sambas era prática comum nos anos 20 e 30. Além de Ismael, Noel Rosa, Cartola, Nelson Cavaquinho e outros venderam sambas. Me Faz Carinhos e Amor de Malandro foram dois sucessos na voz de Francisco Alves comprados de Ismael. Nos anos 30 Ismael Silva se tornou uma figura lendária no mundo do samba carioca. Seus sambas foram gravados com muito sucesso pelos cantores mais populares da época, Francisco Alves e Mário Reis, que cantaram em dueto Se Você Jurar, em 1931.

Foi parceiro de Noel Rosa em sambas como Pra Me Livrar do Mal, A Razão Dá-se a Quem Tem (com F. Alves), Ando Cismado e Adeus. Na década de 40 se afastou do meio artístico, voltando a se apresentar em 1954 nos show da Velha Guarda produzidos por Almirante. Nos anos 60 também freqüentou o bar Zicartola e se apresentou em programas de televisão, tornando-se conhecido por outras gerações. Gal Costa regravou com êxito seu autobiográfico Antonico. Morreu em 1978, numa casa de cômodos no centro do Rio.

Texto da exposição Scarpino retrata Ismael, no âmbito do projeto Ismael Silva, o bamba de Niterói.

Foto de Clóvis Scarpino

 

Assista ao curta “Ismael e Scarpino”. Documentário com as memórias afetivas do fotógrafo Clóvis Scarpino em sua convivência de mais de 30 anos com o compositor Ismael Silva. Dirigido por Alexandre Octavio e Luis Chacra Gerace, em 2001.

 

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Elaboração e execução do projeto: André Diniz . Coordenação Geral: Dermeval Netto e Nise Gonçalves . Produção: Ana Cunha. Realização: Prefeitura de Niterói, Universidade Federal Fluminense (UFF), Sesc Rio de Janeiro e Museu da Imagem e do Som.