Totalmente online I Festival Internacional do Cavaquinho aconteceu entre os dias 24 e 26 de março de 2021
A programação incluiu concertos, oficinas e exibição de documentários – além de ter reunido artistas de Brasil, Portugal e Ilha da Madeira
Transmitido via internet, o evento gratuito com curadoria do músico e pesquisador Henrique Cazes promoveu a troca de experiências e informações entre artistas de destaque ligados ao instrumento, que desperta interesse crescente nas universidades e foi redescoberto por uma nova geração de artistas em Portugal e na Ilha da Madeira.
O I Festival Internacional do Cavaquinho vai reunir pela primeira vez essas diferentes culturas do instrumento, visando dar ao cavaquinho e a seus cultores uma dimensão dessa nova realidade.
Henrique Cazes
O século XXI trouxe um novo momento para o cavaquinho no Brasil e no mundo, afirma Cazes, responsável pela criação na UFRJ do primeiro bacharelado em cavaquinho do país, em 2012. Segundo ele, o instrumento desperta interesse crescente nas universidades e foi redescoberto por uma nova geração de artistas em Portugal e na Ilha da Madeira.
O I Festival Internacional do Cavaquinho refletiu essa nova realidade e buscou aprofundar o diálogo com outras formas de se tocar o instrumento dentro do mundo lusófono. Entre os artistas que participaram da festa, estão o músico madeirense Roberto Moritz e o multi-instrumentista português Amadeu Magalhães. Nos 3 dias de festival, a primeira hora de atividades foi dedicada à exibição de vídeos documentais. No primeiro dia um “Especial Waldir Azevedo” e nos outros trechos selecionados da série “Apanhei-te Cavaquinho”, que mostra a viagem do instrumento de Portugal para o mundo. A partir das 18h, oficinas de 40 minutos coordenadas por Henrique Garcia, Pedro Cantalice e Leonardo Benon apresentaram técnicas, repertórios e diferenças construtivas do cavaquinho brasileiro.
O Ficav foi realizado por meio da chamada de premiação do Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Aldir Blanc.
Bacharel em violão erudito, Garcia integra a banda de Diogo Nogueira desde 2003. Já Cantalice é solista de cavaquinho e formado na 1ª turma do bacharelado no instrumento. Mestre em música, performance e criação Musical pela UnB, Benon é professor de cavaquinho da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello desde 2005.
Apresentações de Magalhães, Moritz e Cazes fecharam as noites do evento, ilustrando a diversidade de timbre e repertórios do cavaquinho.
I FESTIVAL INTERNACIONAL DE CAVAQUINHO (FICAV)
24 de março (clique na data e acesse o link para transmissão)
17h (BR) Exibição Especial Waldir Azevedo
18h10 (BR) Oficina | Waldir Azevedo e o Cavaquinho com Leonardo Benon
19h (BR) Oficina | Memória do Cavaquinho Brasileiro com Pedro Cantalice
20h (BR) Concerto: AMADEU MAGALHÃES (cavaquinho português)
Abrimos os trabalhos do 1º dia do Ficav com a exibição do Especial Waldir Azevedo, acompanhado por uma legião de fãs do artista carioca. Marly, filha de Waldir, comentou sobre a transmissão no chat e relembrou a relação lúdica do pai com o instrumento. O programa de TV serviu de introdução ao trabalho do cavaquinista, abordado em detalhes na oficina “Waldir Azevedo e o Cavaquinho”. O músico Léo Benon explicou como Waldir se valeu do pizzicato e outras técnicas para criar um som único. Em seguida, foi a vez de artista Pedro Cantalice recordar outros grandes nomes do instrumento na oficina “Memória do Cavaquinho Brasileiro”. Lendas como o gaúcho Carne Assada, o paulista Garoto e o carioca Pinguim tiveram seus trabalhos saudados e relembrados. Encerrando a programação, Amadeu Magalhães protagonizou um concerto de cavaquinho português. Após a apresentação, o curador Henrique Cazes fechou a noite com uma execução ao cavaquinho de uma canção de Pixinguinha.
25 de março (clique na data e acesse o link para transmissão)
17h (BR) Exibição Apanhei-te Cavaquinho
18h10 (BR) Oficina | Arranjos para Cavaquinho Solo com Henrique Garcia
19h (BR) Oficina | O Cavaquinho Português com Amadeu Magalhães
20h (BR) Concerto: ROBERTO MORITZ (machete madeirense)
A exibição da 1ª parte do documentário “Apanhei-te Cavaquinho”, do diretor Ivan Dias, marcou o início das atividades do 2º dia de festival. Com participação de Paulinho da Viola, João Bosco e outros artistas, o filme conta a saga do instrumento criado na cidade portuguesa de Braga e hoje espalhado pelos quatro cantos do mundo. Logo em seguida, o músico Henrique Garcia mostrou como usa arpejos, mudanças de harmonia e outros recursos para adaptar peças criadas para cravo, piano e outros instrumentos ao cavaquinho, na oficina “Arranjos para Cavaquinho”. Depois dele, o multi-instrumentista Amadeu Magalhães coordenou a oficina “O Cavaquinho Português”, que apresentou a forma lusitana de tocar o cordofone, com escala invertida em relação ao modo brasileiro e sem notas graves, por exemplo. Encerrando a programação do dia, o músico Roberto Moritz, da Ilha da Madeira, realizou um concerto de machete, versão madeirense do cavaquinho, acompanhado de seu conjunto musical, o Quarteto Moritz.
26 de março (clique na data e acesse o link para transmissão)
17h (BR) Exibição Apanhei-te Cavaquinho
18h10 (BR) Oficina | Música Nova para Cavaquinho com Henrique Cazes
19h (BR) Oficina | O Machete Madeirense com Roberto Moritz
20h (BR) Concerto: HENRIQUE CAZES (cavaquinho brasileiro)
A última noite do I Ficav começou com a exibição de mais um trecho do documentário “Apanhei-te cavaquinho”, de Ivan Dias, que mostrou as andanças do instrumento por cantos tão distintos como Parada Modelo e a Universidade de Coimbra. Na sequência, o músico Henrique Cazes, curador do festival, se valeu de arpejos, tremolos e outros recursos para apresentar seu conjunto de estudos ao público na “Música Nova para Cavaquinho”. Depois de Cazes, foi a vez de Roberto Moritz executar ao braguinha e ao rajão peças de Bach, Strauss e outros autores na oficina “O Machete Madeirense”. O concerto de encerramento do festival ficou a cargo de Cazes, no cavaquinho, e Rogério Caetano no violão, e teve na audiência Leonardo Benon, Pedro Cantalice e outros cavaquinistas.
Criado no norte de Portugal há mais de 500 anos, o cavaquinho se manteve ligado à música folclórica em seu país de origem até 20 anos atrás, quando passou a ser mais incorporado a novas experiências por intérpretes e compositores.
Mesmo no Brasil, onde o cavaquinho se profissionalizou com o sucesso samba e o espalhamento da radiofonia nos anos 1930, ensino formal e sistematizado do instrumento é bastante recente. Se, no passado, a maioria dos cavaquinistas não sabiam ler ou escrever partituras, hoje é comum vê-los exercendo a função de arranjador ou produtor musical. Iniciativas de inserção acadêmica do cavaquinho, com a criação do bacharelado na Escola de Música da UFRJ e estudos à nível de pós-graduação, contribuíram para a consolidação de um novo momento para o cavaquinho.
O Festival Internacional do Cavaquinho reflete essa nova realidade e busca aprofundar o diálogo com outras formas de se tocar o instrumento dentro do mundo lusófono.
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